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11/02/2008
SÃO PAULO – Oficiais da inteligência norte-americana alertam que serviços de internet com espaços virtuais tridimensionais estão criando brechas de segurança. Na opinião desses agentes, os mundos virtuais, como o Second Life (SL), estariam abrindo novos caminhos para que terroristas e criminosos possam transferir dinheiro e organizar e conduzir espionagem industrial.
Segundo reportagem publicada no jornal norte-americano The Washington Post, os oficiais da inteligência dos Estados Unidos, que examinaram serviços como o SL, estão convencidos de que as qualidades preferidas pelos usuários dos mundos virtuais – incluindo o anonimato, o acesso global e a possibilidade de transferir dinheiro fora dos canais convencionais – transformaram esses universos paralelos em campo fértil para as ameaças internacionais.
“Infelizmente, o que começou como um ambiente saudável, no qual as pessoas poderiam compartilhar informação, agora oferece oportunidade a extremistas políticos e religiosos para recrutar, treinar, transferir dinheiro e planejar ações impunemente”, afirma um relatório publicado recentemente pela Intelligence Advanced Research Projects Activity (IARPA), órgão de pesquisa da inteligência norte-americana.
Ainda de acordo com o The Washington Post, a crescente preocupação do governo norte-americano transforma os mundos virtuais em um campo de batalha, onde o maior desafio é recolher dados e aprimorar os métodos de vigilância.
Mas para Jim Dempsey, diretor do Centro para a Democracia e Tecnologia, grupo não-governamental que monitora questões ligadas à privacidade, o governo dos EUA tinha as mesmas preocupações quando os telefones celulares se tornaram populares na década de 1980 e quando, mais tarde, em 1990, o americano médio passou a usar a internet.
“O que eles (o governo) querem é dominar a tecnologia para deixá-la ainda mais fácil de controlar do que ela já é”, disse Dempsey ao The Washington Post.
O debate a respeito do impacto causado pelas inovações da tecnologia de comunicação não é novidade. Por mais de uma década, criminosos e terroristas têm usado a internet para recrutar, operar esquemas financeiros e comercializar pornografia. Para combater essas ações, as autoridades e os departamentos de inteligência instituíram novos órgãos de vigilância.
“O desafio que enfrentamos é distinguir os fanáticos das pessoas comuns que procuram apenas por diversão”, diz o relatório da IARPA.